
Mas, para quem não sabe, Vine™ é um aplicativo bem simples que permite a criação de vídeos de 6 segundos através de um smartphone. São vídeos em ~looping~, ou seja, terminaram os 6 segundos, volta ao começo e fica rodando para sempre.
Mas não tem filtros bacanas, não tem tilt-shift, não tem HDR, não tem nenhuma presepada.

O único “feature” do aplicativo é que ele pausa a gravação se você tirar o dedo da tela e continua quando você toca novamente. Isso abre um ~leque~ de alternativas criativas para a elaboração de seu vídeo.
Poucos sabem, mas o Vine™, lançado em janeiro de 2013, pertence ao Twitter. Sua trajetória de suu-cesso tem sido meteórica, com o formato já aprovado pelo congresso popular da Internet e caminhando para se tornar uma rede social no estilo Instagram.
Ok, mas… por que 6 segundos?
Por que não 10 segundos? Ou 5? Ou 15? Ou 30?
Bem, o Twitter nunca explicou isso mas parece que tem a ver com hip-hop, direitos autoraise Beastie Boys.
Oi??
Tio Ique explica. Quem viveu o começo do ~rap~ no final dos anos 80, início dos anos 90, acompanhou a marca registrada dos ~rappers~ da época: o sampling.
Sampling era (e ainda é) a introdução de trechos de outras músicas (samples) na composição original do rapper hip-hopeiro e todos (absolutamente todos) usavam e abusavam do sampling (o que eu, particularmente, acho bem legal).
Acontece que o esporte predileto dos americanos é processar uns aos outros e não demorou nada para que as disputas por violação de direitos autorais fossem levadas aos tribunais. Esses processos milionários quase destruíram o hip-hop na forma como ele foi concebido.
Mas e os Beastie Boys? Bem, os garotos eram os reis do sampling e, obviamente, foram processados. Um caso, porém, tornou-se histórico e emblemático.
Na música “Pass the Mic“, do álbum Check your Head, de 1992, os Beastie Boys usaram umtoque de flauta de 3 notas e 6 segundos da composição de um certo James Newton, chamada “Choir”. Apesar de ter pago pelo uso da gravação, Newton processou o produtor da banda pelo não licenciamento da composição.
Um tribunal da California considerou a banda NOT GUILTY por motivos de: “não é necessário licenciar a composição uma vez que 3 notas ou 6 segundos não configuram violação de direitos autorais“, ou, no jargão jurídico, “uso de minimis”. Em 2005 a Suprema Corte americana decidiu manter o veredito.
Por analogia, qualquer conteúdo do Vine™ estaria protegido nos litígios a respeito de direitos autorais envolvendo o aplicativo.
O Twitter não negou nem confirmou essa explicação, mas fontes fidedignas garantem que não se trata de uma mera coincidência.
Fique agora com o centro da controvérsia e inspiração para o Vine™: The Beastie Boys – Pass the Mic.
P.S.: Tudo isso é lindo mas a ~polêmica~ já se instalou. No início de abril, o baixinho Prince enviou uma carta ao Twitter, através de sua produtora, exigindo a retirada de todos os vídeos Vine compartilhados no microblog envolvendo suas performances, alegando “gravações não autorizadas”. E o Twitter retirou. Veja a matéria (em inglês) clicando aqui.
Pôxa, Prince, 6 segundos?